CONCLUSÕES DO 35º ENCONTRO NACIONAL DA PASTORAL DOS CIGANOS
No 35º Encontro Nacional da Pastoral dos Ciganos foram analisados alguns dos principais factores de exclusão das populações ciganas em Portugal e iniciativas recentes de sucesso no sentido da descoberta dos seus valores.
Contrariar a indiferença e os preconceitos contra os portugueses de etnia cigana, através de acções concretas de apoio à sua evangelização e à sua inclusão social
No 35º Encontro Nacional da Pastoral dos Ciganos foram analisados alguns dos principais factores de exclusão das populações ciganas em Portugal e iniciativas recentes de sucesso no sentido da descoberta dos seus valores.
- Factores de exclusão
A indiferença e os preconceitos contra os cidadãos portugueses de etnia cigana
são factos que os participantes no 35º Encontro constataram percorrer diversos sectores da sociedade portuguesa, desde autoridades responsáveis por assegurar os seus direitos à habitação, tanto ao nível nacional como ao nível autárquico, até a estruturas da Igreja que os não acolhem como cristãos iguais a todos os outros, independentemente das suas diferenças culturais.
Tais constatações verificaram-se nas exposições do Secretariado Diocesano de Lisboa da Pastoral dos Ciganos sobre os acontecimentos ocorridos na Quinta da Fonte em Julho do ano corrente e da Drª. Alexandra Castro sobre a precariedade habitacional e instabilidade territorial. Esta investigadora apresentou uma proposta de Carta de Princípios sobre Habitação e Comunidades Ciganas, conclusão do seminário realizado em Abril p.p. sobre o mesmo tema, cuja implementação se espera seja equacionada no Plano Estratégico de Habitação 2008 – 2013, em preparação pelo Governo.
- Reconhecimento dos valores da cultura cigana
Foi salientado o notável conjunto de acontecimentos demonstrativos dos valores
da cultura cigana que a EGEAC (Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural) da Câmara Municipal de Lisboa levou a efeito de 24 de Junho a 3 de Julho do ano corrente, sob a designação de Rotas & Rituais e que contou com o apoio da Pastoral dos Ciganos (Nacional e de Lisboa). Foram ainda relatados os impactos que tiveram as III Jornadas da Pastoral dos Ciganos do Nordeste Transmontano, realizadas de 30 a 31 de Maio p.p. e o 3º Encontro do Secretariado Diocesano das Migrações e da Pastoral dos Ciganos do Porto e da Obra Vicentina de Auxílio aos Ciganos, realizado em Espinho em 9 do corrente. Em ambos estes eventos foi assinalável a participação activa dos ciganos e os testemunhos que proferiram sobre os seus anseios por um futuro mais digno.
- O desafio da Igreja para o apoio ao futuro espiritual e social dos jovens ciganos
Finalmente, no 35º Encontro, foi evidenciado o Documento Final do
VI Congresso Mundial da Pastoral para os Ciganos, promovido pelo Conselho Pontifício da Pastoral para os Migrantes e os Itinerantes, em Freising, Alemanha, de 1 a 4 de Setembro p.p., o qual foi recentemente divulgado. Nele se afirma a obrigação dos Governos de “garantir os direitos de plena participação na sociedade” dos jovens ciganos, direitos esses que incluem o alojamento condigno, a educação, o trabalho e a assistência médica, salientando-se que a actividade dos mediadores socioculturais ciganos deveria ser fomentada.
Presidiu ao Encontro o P. Frei Francisco Sales Diniz, O.F.M., Director da Obra Nacional da Pastoral dos Ciganos, tendo nele participado cerca de 50 pessoas das Dioceses de Bragança – Miranda, Viana do Castelo, Porto, Aveiro, Guarda, Coimbra, Leiria – Fátima, Santarém, Lisboa e Beja. Um grupo de crianças ciganas da Marinha Grande participou no Encontro exibindo cantos e danças ciganas.
Foi decidido que próximos Encontros tenham lugar noutras Dioceses, com o intuito de dar maior notoriedade à problemática da etnia cigana nos contextos da Igreja e da sociedade.
O cigano de Espinho João Maia Cardoso, que participou no Encontro, classificou o que ouviu e viu como “maravilhoso”, pelo empenhamento que sentiu em todos os participantes, a favor dos ciganos, esperando que tais esforços resultem na solução dos problemas dos ciganos de uma vez por todas.
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