Os jovens na Europa precisam de um futuro.
O relatório europeu da Cáritas “Os jovens na Europa precisam de um futuro” concluiu que as políticas de combate à pobreza não quebraram a pobreza geracional. As pessoas mais carenciadas continuam a ser originárias das famílias mais pobres.
As políticas adotadas na última década em Portugal para combater a pobreza não conseguiram quebrar os ciclos de transmissão da pobreza. Há em Portugal muitas políticas públicas para combater a pobreza, mas nenhuma parece ser capaz de a erradicar, particularmente porque não se integram numa estratégia eficiente de interromper os ciclos de transmissão da pobreza, os jovens precisam de um futuro.
Em Portugal, os mais carenciados provêm de famílias que foram confrontadas com situações de pobreza durante toda a vida, sendo que para a maioria continua a ser muito difícil sair desta situação e quebrar o ciclo de pobreza.
Os efeitos da transmissão da pobreza observam-se na educação (abandono escolar precoce), no mercado de trabalho (dificuldades de acesso ao emprego) e na habitação (viver em bairros desfavorecidos). É provável que uma criança que nasça num agregado familiar carenciado venha a enfrentar mais dificuldades no futuro. Isto tem reflexos evidentes nos seus estudos, a nível familiar e institucional.
A perpetuação do pensamento “eu sou pobre, por isso vou ser pobre o resto da minha vida” também torna muito difícil a saída do jovem desta situação, aceitando-a como uma condição para o seu futuro. Relativamente aos direitos que os jovens têm mais dificuldades em aceder, o relatório destaca a educação, o trabalho, habitação, igualdade e não discriminação e proteção social.
Em Portugal, os jovens têm mais dificuldades em aceder a uma série de direitos, uma situação para a qual contribui principalmente as dificuldades no acesso ao trabalho.
Por outro lado, os benefícios sociais são maioritariamente canalizados para a população com muitos baixos rendimentos, obedecendo a sistemas de condições de recursos muito rígidos. Os jovens são confrontados com situações de desemprego, empregos precários, contratos irregulares e baixos salários, o que torna muito difícil um jovem conseguir suportar os custos de habitação.
Perante a realidade observada, a Cáritas recomenda aos decisores políticos que promovam níveis salariais dignos, previnam a precariedade laboral, as irregularidades e a evasão fiscal nos contratos laborais, concedam oportunidades iguais no acesso à educação e facilitem a habitação a preços acessíveis para os jovens de acordo com os seus rendimentos.
Ao nível europeu, o estudo revela que esta é a primeira geração de jovens a enfrentar o risco de empobrecimento relativamente à geração dos seus pais.
A Cáritas Europa prevê um novo tipo de pobreza juvenil: jovens casais trabalhadores que dificilmente conseguem suportar as suas despesas e que não podem construir uma família, a que apelidou de “SINKIES” (em afundamento).